"Na defesa estratégica de Ações Afirmativas"

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Breve análise do Filme : "Um sonho possível"

Na tarde de ontem, o cine conexões exibiu mais um filme campeão de audiência, se trata de uma produção hollywoodiana, com direção e roteiro Jonh Lee Hancock, com uma atuação impecável da atriz Sandra Bullock, que na humilde opinião deste cara que aqui escreve, foi a melhor de sua já extensa carreira.
O Filme se chama : "Um sonho possível", baseado no livro The Blind Side : Evolução do Jogo, Michael Lewis Oher, interpretado por Quintin Aaron, que conta a sua extraordinária trajetória, de um menino negro sem-teto a um dos astros da Liga norte-americana de Futebol Americano.
A atriz Sandra Bullock interpreta Leigh Anne Tuohy, uma bem sucedida designer, casada com também Sean Tuohy dono de umas das maiores redes de restaurantes do Sul do EUA, portanto pertencentes da classe alta, que ao ver Big Michael como os outros costumam chama-lo, andando pelas ruas em um noite fria e trajando apenas uma camisa e bermuda, resolvem levar o jovem rapaz para a sua casa, o que começa como uma simples hospedagem de uma noite, passa para algo muito maior, Leigh Anne acaba por convencer o marido e os seus filhos (família branca) que o rapaz precisa ser adotado, não tento resistência alguma, Michael é facilmente aceito, porém neste novo ambiente que vive passa por inúmeros preconceitos e as dificuldades da escola.
Por ter um biotipo bom para a pratica do futebol americano (o personagem é enorme e forte, possui quase 2 metros de altura) o garoto é naturalmente encaminhado para o esporte, começa no time da tradicional escola onde conseguiu entrar, com a ajuda do pai de seu amigo (onde estava ficando em sua casa, pois sua mãe era viciada em drogas e seu pai havia sumido e depois suicidado), que convenceu o técnico do time que o ele tinha talento para os esportes e precisava estudar, daí tem o desenrolar de toda a história do filme.
O que quero colocar para a reflexão, se é que o esporte pode ser usado como ferramenta de ascensão social, principalmente para as pessoas carentes ? Vimos que esporte sempre foi um bom lugar para se dar destaque ao negro, principalmente nos esportes coletivos (futebol, basquete) e individual ( atletismo), logicamente tudo televisionado, porém em outros setores da própria mídia, ciências e artes etc. ainda hoje vemos uma enorme dificuldade de ver o negro inserido e ocupando um papel de destaque.
Vimos no filme que a questão da fome e da pobreza, foi tratada com muita leveza, diria até lírico, ora pendendo para os momentos sérios, ora com tiradas cômicas, sendo que o ultimo bloqueou o primeiro, e causando um conforto para os telespectadores, típico do gênero Feel Good .
Outro ponto que vale ser ressaltado é a pratica da "Bondade Cristã", caindo ao reducionismo da sociedade contemporânea, nos levando a crer, que só basta as pessoas fazerem a sua parte e tudo será resolvido, o que é uma boa, entretanto sabemos que filantropia burguesa não resolve o problema, o buraco e bem mais embaixo, tento isso, o filme nos faz sair do cinema com a consciência limpa e com o espírito de "só preciso fazer o bem", e como diria o nosso Tom Zé : "Faça as suas orações uma vez por dia/ e depois mande a sua consciência junto com os lençóis pra a lavanderia".

Ray Souza



quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Declaração de raça ...

Declaro para os devidos fins que sou negra, conhecida por alcunha de mulata, termo dado a mistura da raça Negra com a raça Branca, derivado da palavra mula, forma como se tratavam os negros durante a escravidão e como muitos ainda são e se permitem ser tratados.
Declaro também que pelo fato de minha pele ser marrom, meus cabelos crespos cacheados, meus traços fugirem do padrão de beleza ditado pela sociedade, mídia e moda tenho plena autonomia para afirmar que o racismo ainda existe.
Diante de tal relato, afirmo também que esta declaração é prova que não me curvo diante do racismo, que não me julgo inferior, que assumo cada traço do meu rosto e da minha história.
Nos últimos anos, ser racista foi reconhecido como um defeito, se assumir racista é ter complicações com a justiça, que o considerou crime inafiançável, expor um negro a qualquer situação discriminatória é constrangimento infalível e recriminado de qualquer ciclo social, criou-se cotas para negros nas universidades, nos anúncios de emprego disfarçaram a discriminação racial com as palavras boa aparência, tais precauções só vem reforçar que o racismo é muito freqüente, e que os negros precisam da lei para protege-los de ofensas, precisam de cotas para vencer a concorrência desleal e classista nos vestibulares, precisam de escova progressiva para entrarem no quesito boa aparência.
O racismo era notório e designava-se adiante mórbidos ataques de rejeição, incompreensão e exclusão, hoje ele é faceiro, os negros podem entrar nos restaurantes chiques, mas não tem meios de pagar a conta, podem se hospedar em hotéis cinco estrelas, mas não dispõem de verbas para as diárias; podem estudar em boas escolas, mas não tem como pagar as mensalidades; podem aparecer na mídia, mas não podem ser o galã ou a mocinha da novela das nove. Até o conceito de autodiscriminação é racista, a grande massa considera chapinha e plástica no nariz embelezamento, porém diz ser o cúmulo do auto-racismo a paixão inter-racial, como se fosse possível escolher por quem se apaixonar.
O que dita a abominável condição de mais de 70% dos negros na sociedade é a não oportunidade, sem educação de qualidade, caríssima diga-se de passagem, o negro não tem condições financeiras para chegar a altos patamares e cargos, saímos das senzalas e fomos às favelas, precisamos “matar um boi por dia” para sobreviver e vencer a guerra contra o preconceito, que vem de berço, ou melhor, da falta dele.
Não costumo me curvar a estatísticas, pois as mesmas são desanimadoras; A exacerbada maioria, de alunos nas escolas públicas, é de negros, nos empregos assalariados, é de negros, nos bairros de periferia, é de negros, e isto não é demonstração de inferioridade intelectual, pois somos tão inteligentes e capazes quanto pessoas de qualquer raça.
Por fim, declaro que não aceito comentários mórbidos disfarçados pelo preconceito atual de “elogios”, como: “você é menos escura que tal pessoa”, “seu cabelo é melhor do que o de fulano”, “seus traços são mais finos do que o de cicrano”; Pois não defino sequer como elogio qualquer palavra e/ou atitude que menospreze e diminua a minha raça.
Este é o racismo contemporâneo, doença que vem se alastrando pela sociedade, e que todos os cidadãos munidos de conhecimento, dignidade e respeito deveriam combater independente da raça e da cor da pele.
Tiara Sousa,São Luís - MA - por correio eletrônicoEndereço eletrônico: tiarasousa@ig.com.br

terça-feira, 17 de agosto de 2010

CARTA DE BH

PARA FAZER CONEXÕES - 2010

17 instituições de educação superior (UFMA, UFRRJ, UFSCAR, UFRGS, UNIFEI, UFPE, UFRPE, UFMG, UFES, UFRB, UFRN, UFMT, UNIVASF, UNIRIO, UFAL, UFPI, UFT), através de Pró-reitores, Professores, Servidores Técnico-administrativos, Estudantes, Integrantes do FEOP, Membros do Programa Conexões de Saberes – PCS (SECAD/FNDE/MEC), reunidos nos dias 11 e 12 de agosto de 2010, durante o I Seminário Para Fazer Conexões, reunidos na FAFICH/UFMG/BH, dá continuidade ao movimento "Para Fazer Conexões", com o intuito de defender a institucionalização das políticas públicas, relativas à permanência qualificada e as ações afirmativas nas Instituições de Ensino Superior (IES) consideramos que

A política de ações afirmativas necessariamente precisa ser transformada em uma política pública nacional e reconhecemos as ações de governo nesta direção.
O Programa Conexões de Saberes, como instrumento de implantação de uma política afirmativa, não alcançou, até este momento, a institucionalização nacional desejada, mesmo tendo chegado a ser implantado em 38 Universidades Federais, com representação de todos os estados da Federação. Esta implantação se deu inicialmente por convite às universidades, posteriormente por editais com termo de referência discutido coletivamente com as universidades já participantes do programa. O programa Conexões permite ao aluno de origem popular fortalecer a sua identidade universitária em diálogo com a sua identidade de origem popular, fortalece a implantação das ações afirmativas nas IFEs, articula-se com outras iniciativas do governo federal para implantação das ações afirmativas.
· Através do Edital No. 9 PET 2010 MEC/SESU/SECAD, o Programa de Educação Tutorial (SESu/MEC) avança ao se alinhar com as políticas de inclusão dos grupos tradicionalmente invisibilizados (quilombolas/campo, indígenas e estudantes oriundos das comunidades populares urbanas), fortalecendo a busca pela democratização da educação publica brasileira, através da institucionalização de políticas em favor da diversidade nas universidades brasileira;
· Devem ser reconhecidos os esforços do MEC na ampliação do acesso e permanência nas IES de um número maior de estudantes ao adotar ações que possibilitam a expansão das instituições federias (REUNI/IFs), do acesso (ENEM/PROUNI) e das verbas destinadas aos assuntos estudantis (PNAES/FIES);
· A luta por uma educação superior de qualidade e excelência deve superar a tradicional meritocracia, baseada exclusivamente nas notas/conceitos, ao se alinhar plenamente com as políticas de ações afirmativas e sempre levar em consideração aspectos, mais democráticos, que valorizem os diferentes saberes e as trajetórias existenciais, sociais, culturais e estudantis que trazem os sujeitos detentores de direitos;
· Para a necessária democratização do ensino superior público, uma política significativa de ações afirmativas precisa efetivamente articular a extensão, de maneira qualificada à pesquisa e ao ensino, superando as estratégias pautadas na fragmentação, na segregação dos grupos minoritários de acesso aos direitos, que acabam por reproduzir a contradição social nas diferentes IES, aproximando a universidade dos territórios populares, fortalecendo seus sujeitos, suas instituições e movimentos sociais;
· Centralizado no estudante e no seu território de origem, o fortalecimento da permanência efetiva do estudante de origem popular nas IES, superando a assistência de natureza exclusivamente financeira, nasce na extensão para construir na academia um ambiente intelectual receptivo aos saberes populares, através da pesquisa-ação, na interlocução permanente nas periferias, favelas, escolas públicas e movimentos sociais, espaços produtores de conhecimentos e de práticas sociais e educacionais, e incorporam a diversidade e a diferença (social, racial, econômica e territorial) como aspectos centrais na construção de uma universidade mais plural;
· Fortalecido pela a legitimidade crescente, angariada junto aos movimentos sociais, na parceria institucional, como o Programa Escola Aberta, junto aos estudantes de origem popular, o Programa de Extensão Conexões de Saberes (SECAD/FNDE/MEC), originalmente nascido em 2003 da experiência pioneira do “Observatório de Favelas do Rio de Janeiro”, cujo referencial teórico-metodológico, encontra-se substanciado em Termo de Referencia, construído nacionalmente (2007), objetiva enfrentar o desenraizamento social e cultural motivado e/ou reforçado a partir da experiência universitária, ao fortalecer os vínculos identitários do estudante de origem popular com seu território de origem, promovendo a implantação das ações afirmativas nas IFES e a educação das relações étnico-raciais;
· A necessária consolidação de políticas institucionais de ações afirmativas, voltadas para o acesso e permanência de universitários, em situações de vulnerabilidade social, tem na institucionalização do Programa Conexões de Saberes uma opção pública estratégica, pois em sua busca por contemplar a diversidade étnica e cultural da sociedade brasileira, reconhece e valoriza as trajetórias escolares, culturais e existenciais de estudantes oriundos de escola pública, assim como, negros, índios, quilombolas e outras minorias e para isso é fundamental a garantia de sua manutenção, através de recursos orçamentários para 2010/2011;

O lançamento do Edital Nº. 9 PET 2010 MEC/SESU/SECAD, somado as demais políticas para ampliação do acesso nas IES, da permanência qualificada na escola básica, localizada em territórios de vulnerabilidade social e educacional e a ampliação da rede federal de ensino superior com a inclusão dos Institutos Federais de Educação Ciência e Tecnologia (IFET), aumenta a necessidade de fortalecermos as ações, que concorram sinergicamente para qualificação da permanência dos universitários oriundos de grupos minoritários e invisibilizados, através da interlocução permanente da universidade com os territórios populares, com suas instituições e movimentos sociais, nos faz entender que

· Apesar de apresentar conceitos do Programa Conexões Saberes e do potencial indutor das ações afirmativas nas IFES, o Edital PET/Conexões não se configura como um mecanismo de institucionalização do PCS, pois entre vários aspectos, podemos destacar que o citado edital não explicita como se dará o fortalecimento dos vínculos identitários do estudante de origem popular com seu território de origem, não aponta para o estabelecimento de atuais parcerias institucionais como o Programa Escola Aberta (ou Mais Educação) e também não expõe como será fortalecido o processo de participação dos universitários de origem popular nos seus fóruns de articulação local e nacional;
· Os novos grupos PET/Conexões de Saberes nas diferentes IES, preferencialmente (ou prioritariamente) devem se articular junto aos atuais Programas Conexões de Saberes nas IFES, com vistas a atuarem sinergicamente para a qualificação da permanência dos universitários de origem popular, em prol de uma formação cientificamente competente e socialmente responsável, ressaltando a perspectiva de continuidade da trajetória acadêmica em cursos de pós-graduação;

Diante do exposto solicitamos que o MEC garanta para 2010/2011, através de um edital próprio do Programa Conexões de Saberes para 2010/2011, que siga os princípios, com base nos termos de referência do próprio Programa, discutidos nacionalmente, como instrumento de promoção e execução das ações afirmativas, que garantem a permanência qualificada do estudante de origem popular, pautada no diálogo entre a universidade e comunidades, sendo um efetivo instrumento de transformação social, que permite fortalecer tanto o protagonismo do estudante de origem popular, assim como a melhoria da qualidade da formação de graduação, e ainda os diversos programas de extensão das instituições.

Belo Horizonte, 12 de agosto de 2010.

Assinam a carta: UFMA, UFRRJ, UFSCAR, UFRGS, UNIFEI, UFPE, UFRPE, UFMG, UFES, UFRB, UFRN, UFMT, UNIVASF, UNIRIO, UFAL, UFPI, UFT, Pró-reitores, Professores, Servidores Técnico-administrativos, Estudantes, Integrantes do FEOP e Membros do Programa Conexões de Saberes.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Na terça-feira do dia 10/08, houve a exibição da película: O Menino do Pijama Listrado baseado no Livro de David Boyne, a história retrata a vida de um jovem garoto de 8 anos,chamado bruno, que vive na Alemanha em plena segunda guerra mundial com a sua família, sendo o seu pai um oficial do exército nazista, que acaba ganhando uma promoção, tendo que partir com a sua família da confortável casa em Berlim, para morar em uma área um tanto quanto desolada, assim, exercendo as novas atribuições que lhe foram concedidas.
O menino Bruno que antes tinha muitos amigos, agora se vê sozinho e sem muita coisa para fazer,muito entediado e movido pela curiosidade, ignora as insistentes recomendações da mãe a não explorar o jardim dos fundos e segue para fazenda que ele viu a certa distância. Lá ele encontra Shmuel, um menino da sua idade que vive uma existência paralela e diferente do outro lado da cerca de arame farpado, que na verdade se tratava de um campo de concentração para judeus, onde diáriamente ocorria mortes em massa.
O filme serviu para o reflexão sobre a inocência infantil acerca dos conflitos etnico-racial, que são promovidos pelos adultos, nesse caso todo repudio alemão que foi jogado sobre o judeu, e a construção negativa de sua imagem para o mundo ocidental, potencializado pelo discurso envolvente (neste caso para o desmoralizado e fragilizado povo alemão, em função da derrota na primeira guerra mundial) da mente cruel e perversa de Adolf Hitler.
Estavam presentes na sala do Conexões de saberes, @s conexist@s : Geferson, Cristiane, Jefferson, Daniela, Elvis, Adélia Nonata, Amerino e Ray.
Ray Souza

Ciclo de Debates




quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Oficina de Teatro 12/08







Na oficina de hoje, iniciamos com uma dinâmica de apresentação, para enturmar @s Nov@s participantes,fazendo-@s que cantassem os nomes e gesticulassem ao mesmo tempo.Trabalhamos com dinâmicas que envolviam a imaginação d@ adolescente, chamada " passeio de navio", que consistia em "viver" passo-a-passo de uma viagem a bordo de um navio, inclusive as tormentas e a chegada de volta a terra. A Canção IEPÔ, também foi feita, e ela traz uma cantiga com gestos específicos, que promove o contato entre tod@s @s jovens.Logo após um breve intervalo, realizamos a "Dinâmica do Improviso",e depois as "Expressões das Vogais"". Como haviam Nov@s integrantes, repassamos os acordos de boa convivência, e escolhemos as fotos que iriam para o blog do conexões. Iríamos propor uma pesquisa na internet, mas ocorreu um problema com a conexão e não podemos realizar a atividade.A oficina ocorreu de forma leve e proveitosa, sendo que todos participaram efetivamente dos exercícios propostos.
















































Atividades Teatro Comunitario 05/08

Nossas atividades tiveram inicio as 8:45, com todos os coordenadores/as presentes, começaram as dinâmicas de apresentação, que incluíam gestos e sons diversificados como um exercício para a memória.Em seguida, dinâmicas de interação foram apresentas como uma forma de “quebra-gelo”, que promovem o contato e a integração entre tod@s @s participantes, inclusive os coordenadores/as. Logo após um pequeno intervalo, distribuímos vários jornais para os participantes, para que recortassem figuras que lhe chamassem a atenção, para depois termos uma discussão sobre as escolhas das imagens. Surgiram dessa conversa temas interessantes, como a preservação ambiental, ou mesmo o que fazer com o dinheiro: quando se tem ou não!. De modo geral, a oficina ocorreu de forma muito satisfatória, fomentando novas discussões e descobertas.